terça-feira, janeiro 3

O tabaco e as receitas

Hoje é de novo notícia a intenção do governo de apertar o cerco ao tabaco em locais públicos. Há dias, foi notícia a subida do preço do… tabaco, por via do aumento do respectivo imposto. Ora, a principal fonte de receitas do Orçamento de Estado reside nos impostos. E se aos directos (IRS, IRC) há sempre quem fuja, já os impostos indirectos estão colados a nós como lapas: ele é o IVA, pago pelo consumidor final; ele é o imposto sobre o tabaco; ele é o imposto sobre as bebidas alcoólicas (e andam por aí vinhinhos tão bons…); ele é o imposto sobre produtos petrolíferos… Enfim: faz parte das regras da economia gerar receita onde ela é certa. Agora, aumentar a um imposto, neste caso o do tabaco, e reduzir aos locais onde se pode fumar não parece ser uma combinação muito acertada.
Eu, que até fumo, respeito muito os que não o fazem. E, digo-vos, só tenho a ganhar com o facto de estar num sítio onde fumar é proibido: sobram-me cigarros, que estão cada vez mais caros, e fico menos entupida. Ou, pelo menos, fico com a ilusão de que me entupo menos. Não me parece é que o Governo consiga ir para a frente com a tal legislação restritiva. Se não, vejamos: essa medida reduzirá o consumo e, como já vimos, quanto mais consumo, mais receitas em impostos, que é como quem diz, quanto menos consumo, menos receitas em impostos; por outro lado, se o imposto volta a subir descaradamente, os fumadores também vão começar a fazer contas… o que vai reduzir as benditas receitas orçamentais... isto não parece nada simples.

3 Comments:

Blogger mixtu said...

Nada simples, mais ... muito complicado, e nã bejo a solução
saludos

3/1/06 10:07 da tarde  
Blogger paulo said...

O governo olha para os fumadores como o agricultor moderno olha para as suas vacas leiteiras: comida sempre disponível à frente dos olhos, confinados em espaços em que quase não se podem mexer, e regularmente, praí 2 vezes ao dia, toca de mugir. E podes queixar-te que ninguém te ouve, estás em zona de fumo, se estiveres a morrer é menos um a poluir o ar dos meus netos, eu que faço gala em nem ter filhos. É giro: os fumadores alcatroam, literalmente, este país; são, ainda em grande parte, de uma geração em que o consumo não só era publicitado ( em grau extraordinário ) como incentivado socialmente como sinónimo de maturidade e estilo, e agora vão ser finalmente guetizados para gáudio dos higienistas e moralistas, a quem tabaco e enxofre são sinónimos de morte e inferno. Eu fumo, ainda; é um vício e eu sei-me um drogado. Mas vou parar, ainda este ano. Fartei-me do meu agricultor.

4/1/06 9:31 da manhã  
Blogger da. said...

...e o tabaco foi até hoje uma grande fonte de receitas a curto prazo para o governo português...um dos argumentos contra este movimento governamental assenta justamente aqui; em dizer que para quem tem ganho tanto dinheiro à custa dos consumidores, é estranho que os trate tão 'injustamente'..é pelo menos um argumento que ouvi há tempos...

4/1/06 11:16 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home