sábado, março 19

O GNR passou-se

Noite de sexta-feira, dupla festa de aniversário. Foi uma reunião familiar ao mais alto nível. Tempo para pôr as conversas mais ou menos em dia, para saber como andam os miúdos (a mim perguntam sempre pelos canitos…) e para enfardar. É esta a parte boa dos aniversários, o pessoal enfarda que nem chibos e bebe… ice tea. Três, quatro, cinco copos de ice tea, e no fim, pronto, estamos em festa, emborquei uma tacinha de champanhe.
Estava quase a chegar a casa e, de repente, parecia que todos me conheciam. Ainda se fosse de dia, era capaz de perceber, mas não! Estava uma noite cerrada. Vem um carro e faz sinal de luzes, vem outro e faz sinal de luzes e eu pensei “Porra, já sabem a minha matrícula de cor…”. A resposta estava uns metros mais à frente. Claro que se acendeu logo a luzinha, que disse: é óbvio que os sinais de luzes eram um aviso. E, que não fossem, já estou mais do que habituada a ver ali os homens da GNR, quase à porta de minha casa! E tantas vezes vai o cântaro à fonte, que desta mandaram-me parar.
- “Boa noite, senhora condutora. Os seus documentos e os da viatura”, disse o homem da continência.
- “Isto é uma amostra de Bilhete de Identidade e aqui está a carta. Mas é falsa…”, atirei e logo saí do carro.
Enquanto o homem esquadrinhava os meus papéis e lançava um olhar desconfiado para o banco de trás (deve ter gostado da manta dos cães), eu andava à volta dele. Ao deter-me mais uns segundos na fluorescência do colete, encaminhei a conversa para o novo código. Ele foi ver o selo e o papelinho do seguro, apostos no pára-brisas, e eu achava que ainda faltava ver alguma coisa, até que perguntei: “Quer ver o triângulo?”. Não quis, lá pensou que não era preciso.
Pois eu achei que o homem ficou intimidado. Gajo novo, com um olhar escuro mas firme e um sotaque que atira as suas origens para as berças… Quanto mais lhe falava do novo código, mais ele fixava o olhar em mim, a um mesmo nível, sem ser de fora para dentro do carro. Em tantas operações STOP que me fizeram, nunca fui capaz de ficar lá dentro, sentada ao volante com ar de frete. Transformo tudo em conversa e os polícias passam-se!
O de ontem também, sobretudo quando lhe dei um aceno sorridente ao arrancar para a minha casa, meia dúzia de metros à frente.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Se eu fosse um Gajo novo, com um olhar escuro(castanho escuro), firme e hirto e um sotaque que atira as policias para DENTRO DO CARRO… Quanto mais me falassem do novo código, mais fixava o olhar, olhando de baixo para cima, e a pensar ... Em tantas operações STOP que me fizeram, nunca fui capaz de puxar UMA policia e ficar lá dentro, sentado ao volante com ar de frete. Transformo tudo em silencio, suspiro e mais nada e as polícias passam-se!;O)

24/3/05 4:47 da tarde  

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