Poemas
Encontrei um amigo. Estava na minha estante… e chama-se “Os Poemas Possíveis”. Vou apresentar-vos o meu amigo, criado pelo escritor que mais admiro. Talvez já conheçam um e outro, talvez conheçam bem o segundo e menos bem o primeiro. Começo por:
Circo
Poeta não é gente, é bicho coiso
Que da jaula ou gaiola vadiou
E anda pelo mundo às cambalhotas
Recordadas do circo que inventou.
Estende no chão a capa que o destapa,
Faz do peito tambor, e rufa, salta,
É urso bailarino, mono sábio,
Ave torta de bico e pernalta.
Ao fim toca a charanga do poema,
Caixa, fagote, notas arranhadas,
E porque bicho é, bicho lá fica,
A cantar às estrelas apagadas.
Poeta não é gente, é bicho coiso
Que da jaula ou gaiola vadiou
E anda pelo mundo às cambalhotas
Recordadas do circo que inventou.
Estende no chão a capa que o destapa,
Faz do peito tambor, e rufa, salta,
É urso bailarino, mono sábio,
Ave torta de bico e pernalta.
Ao fim toca a charanga do poema,
Caixa, fagote, notas arranhadas,
E porque bicho é, bicho lá fica,
A cantar às estrelas apagadas.
(José Saramago)
2 Comments:
Olá!
Vou roubar essa "saramaguice" um dia destes e pô-la no cimo da página. Lá irei amanhã! Aliás, La Pipe é sagradinho... pode não parecer, mas é para todos os dias.
Um xi
Lésse
pagina 23, pois é!!! a Ilha Desconhecida que viaja em nós...
É verdade, Cãopanheira de sintonias cósmicas, também temos o Saramago connosco! :)
(mais contigo, será verdade, mas temos!)
"Poeta não é gente, é bicho coiso..."
que fica
"...A cantar às estrelas apagadas."...
por isso é que há, a seguir, noites de céu descoberto e elas brilham, brilham, como se nada estivesse errado e tudo na vida, pudesse ser consertado!
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