terça-feira, março 29

Xuxa Negra

Dado o adiantado da hora, o metro ia quase em silêncio. De repente, saída de não se sabe onde, eis que uma rapariga – teria o quê, uns 13 anos? – resolve acabar com a pacatez de uma viagem de regresso a casa. Armada com uma voz estridente e sotaque de dar a volta à tripa, entrou e lá foi com os amigos para o fundo da carruagem. E mesmo que eu tivesse ido para os antípodas do veículo, não me livraria daquele espectáculo, por isso, resolvi manter-me no mesmo banco… a ouvir. O que não exigia, como se pode perceber, muito esforço da minha parte.
Aquela voz pindérica não se calou todo o tempo. Ou porque tinha visto a Xuxa Negra, ou porque a Xuxa Negra também ia a Fátima mas não queria que ela fosse no seu carro (seu da Xuxa Negra, entenda-se), lá tive de aturar o relatório até à minha paragem. Bom, fiquei a saber que a Xuxa Negra, além do mais, tinha andado metida com não sei quem e a fazer não sei que coisas. Em bom rigor, a Xuxa andava na boca de toda a gente e pelos vistos não sabia. Se o aspecto da Xuxa for como o da narradora, está bom de ver que não lhe vai bastar esta ida a Fátima para se ver livre dos pecados…
Voltando à narradora: com tão pouco de decoro como de estilo, classe e até bom senso, não lhe adivinho grande futuro. Deve ser daquelas famílias em que os filhos, vendo o exemplo dos pais, são capazes de comportamentos dez vezes piores e cem vezes piores serão os dos seus filhos e por aí adiante. Como é que este país há-de ir para a frente? Valha-nos um milagre! Ou se calhar não... pois ainda teríamos de ir a Fátima e dar de caras com a Xuxa Negra, safa!!!