domingo, abril 3

A magia de rasgar o papel

Enquanto crianças, estamos sempre à espera de duas coisas: do Natal e do nosso aniversário. Está bom de ver que é por causa das prendas… Queremos lá saber que o menino jesus tenha nascido para salvar o mundo! Queremos é prendas. Importamo-nos lá por levarmos mais um ano no lombo! Queremos é prendas. Nessas alturas, a idade não pesa, a consciência não pesa, nada pesa porque somos inocentes e não temos maldade. O que queremos, mesmo, é prendas.
O problema é quando crescemos. Além de termos perdido toda a inocência e de termos ganho consciência - o primeiro passo para que ela possa vir a pesar-nos -, os presentes nunca têm o sabor da infância. Ou já imaginamos o que vai sair daquele pacote mal amanhado, ou sai uma coisa completamente estapafúrdia, que nada tem a ver connosco. Como se isso não bastasse, perde-se toda aquela magia que é rasgar o papel do embrulho… e mandá-lo para o chão.
Com o passar dos anos perde-se muita coisa. Até a vontade de dar um presente.

A vida é um beijo doce em boca amarga, Mia Couto

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há quem prefira as prendas que não se tocam com arco, mas em pizicato...

3/4/05 5:28 da tarde  

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