sábado, abril 16

A Mãe

Só a ideia é assustadora, terrivelmente assustadora.
E não consigo imaginar que dor será essa, a de perder a mãe. Penso nisso muitas vezes, morro de medo só por fazê-lo. Por muito que digam que um dia tem de ser, faço de conta que esse dia nunca fará parte do meu calendário, que a minha mãe é invencível e há-de viver para sempre, porque vou precisar sempre que ela tome conta de mim.
Há tempos, um pequeno susto atirou-a para o hospital e ela ficou internada. Foi estranho, uma coisa que não se consegue explicar... a mãe não dormir em casa porque está doente. Ver o pai perdido, mais perdido do que uma criança perdida. De repente, vi-me a tomar conta dos dois: dela, porque fui comprar umas coisas para lhe levar para o hospital; dele, porque não foi capaz de fazer a malinha com o robe, a roupa interior, os chinelinhos. Estava perdido, o pai.
Felizmente, foi só um susto. Mas deu que pensar, deu que temer, deu para concluir que, se calhar, no meu pretensiosamente ocupado dia-a-dia, devia dedicar-lhes um pouco mais de atenção. À mãe e ao pai. Um dia, será tarde.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

:( O medo esmaga-nos. O amor de uma mãe pela sua Cadelinha Lésse é inquestionável, incondicional e, por isso, durará para sempre.

16/4/05 8:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

É sempre tarde.
Porque só a morte nos liberta para o conhecimento do que ignorávamos...

17/4/05 8:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

ainda falo com ela, e escolhi uma foto para "clipar" nesses momentos; quando eu, ainda junto dela, pouco ou nada saberia dizer. mas ela continua a olhar para mim de olhos vidrados... de me encontrar nem que seja na minha imaginação.

18/4/05 1:15 da manhã  

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