quinta-feira, abril 28

O nosso bem mais precioso

Temos sempre uma tendência enorme para acreditar que os nossos problemas são os piores do mundo. O dinheiro não chega para tudo, o trabalho já não dá o gozo que dava, os amigos parecem esquecer-se de nós todos ao mesmo tempo, os novos conhecimentos são fúteis, na maioria das vezes, e há sempre uma porra de uma dor que teima em aparecer nas alturas mais impróprias. Se formos a contabilizar as conversas que temos no dia-a-dia, quase de certeza contamos outros tantos desatinos, porque, simplesmente, não há quem não tenha motivos para se queixar. Em boa parte, a responsabilidade pode ser uma medida pela qual tabelamos tudo o resto e o facto de as coisas serem sérias parece transformar em pesados fardos assuntos que há uns anos tinham uma importância muito residual. No outro dia, bastou-me uma conversa de uns vinte minutos para pensar, mais uma vez, que a vida não tem de ser tão complicada como pensamos ou, às vezes, a pintamos. O médico veterinário dos meus cães deve ter aí uns quarenta anos e há tempos descobriu que sofre de uma doença que o obriga a uma medicação vitalícia. Já me tinha contado isso e desta vez, quando lhe perguntei se tem andado bem, o seu olhar entristeceu-se de novo. Ele não o diz, mas eu acredito que esteja a sentir-se velho. Tão novo ainda é, mas o facto de ter de tomar um medicamento para o resto da vida roubou-lhe uns anos de sossego. Contou-me que há dias foi com o pai ao hospital e deparou-se com uma urgência cheia de velhos. Velhos e sozinhos. Velhos e trapos. Sem ninguém que os amparasse, sem ninguém que lhes levasse um pijama. Um deles estava verde, desse verde canceroso que não vai deixá-lo viver muito mais. Os outros exibiam outras cores. “Nenhum tinha uma cor normal”, disse o médico dos meus cães. E, de novo sem o confessar, mostrou o seu medo de também vir a ficar desamparado. Joga golfe, aprendeu vela e agora anda a ver se lhe ensinam a jogar bridge. “Tudo coisas que eu possa fazer quando for velho”, atirou, de olhar preso à urgência dos velhos. Depois disse: “Temos de aproveitar a vida. Não vale a pena preocuparmo-nos com coisas que não têm importância”. Eu anui, também penso assim. Só preciso é de relativizar o que realmente não presta. E há tanta coisa que não presta, se há... É curioso como dantes eu não dava valor à expressão “haja saúde”. Hoje, dou por mim a pensar se esse não será o nosso bem mais precioso. A vida é um contrato a termo certo e só devemos ter medo da doença. E da doença da velhice.

quarta-feira, abril 27

Variações de António

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens...que ser assim?...

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens... que ser assim?...

Olha que a vida não, não é nem deve ser
Como um castigo que tu terás que viver

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

de António Variações

terça-feira, abril 26

Dia da liberdade

- Olá, podes baixar a música um bocadinho?
- Ah, desculpe, mas hoje não posso. Isto é uma festa, vão estar aqui umas 70 pessoas.
- Pois, mas eu ouço a tua música em minha casa.
- Feche as janelas.
- Já fechei. Ouço a música na mesma.
- Ah, mas não posso baixar, estamos a fazer testes de som. Desculpe, mas hoje não posso baixar a música. É feriado!
- Pois, mas eu não consigo estar dentro de casa com a tua música aos berros. Ainda por cima, tenho de estudar.
- Mas até estuda melhor com música.
- Achas razoável eu ter de ouvir a tua música aos berros, dentro de minha casa? Ainda por cima, estive a estudar toda a noite e às onze e meia vocês acordaram-me com a música.
- Mas já era de dia. Ainda se fosse de noite... mas já era de dia. E hoje é feriado, é como se fosse domingo. E se estivesse ali uma máquina a fazer barulho?
- Não é bem a mesma coisa e há limites para o ruído. Sabes o que diz a lei do ruído?
- Não sei, nem me interessa. Hoje é feriado e vamos ter aqui 70 pessoas. Agora estamos a testar o som, mas daqui a bocado, quando estiver aqui toda a gente a falar, temos de ter a música alto, se não não conseguimos ouvir a música.
- Pois, mas eu estou a pedir-te se baixas um bocado o volume.
- Mas hoje não podemos baixar o volume. Os vizinhos estão todos em casa e ninguém está a reclamar.
- Eu não estou a reclamar, estou a pedir se baixas um bocado o volume.
- Não, hoje é feriado, é o 25 de Abril, o dia da liberdade.
- Da tua e da minha...


Este diálogo de surdos foi travado ontem, após o almoço, entre mim e um miúdo vizinho. Não deve ter mais de 15 ou 16 anos, mas parece saber o que foi o 25 de Abril. Sabe que ontem era o dia da liberdade...
O raio da música era mesmo do piorio, daquela, como se chama, pastilha? Tentei remediar os estragos ligando dois rádios: um para abafar o lixo barulhento que me entrava pelas frinchas da janela, o outro para abafar a música do primeiro, tapando os ouvidos com auriculares. Fiquei com uma dor de cabeça das grandes e, é bom de ver, não consegui estudar coisa nenhuma.
A minha vontade era chamar a polícia. E que boa rusga ia dar... aquilo devia ser só charros e pastilhas naquelas cabeças! Mas preferi optar pelo sacrifício, não fosse haver danos ainda piores. Não é que o puto seja inteligente, mas a maldade não se mede pelo QI e receei vinganças sobre os bobis. Também me ocorreu dar-lhe um tiro, mas depois pensei que na cadeia não deixam entrar bobis à hora da visita...
Toma e embrulha, que é para não meteres o nariz na liberdade dos outros...
Ao menos, a minha mãe deu-me de comer. Viva o 25 de Abril!!!

(nem de propósito: está agora a passar na rádio a música “You had a bad day”)

sexta-feira, abril 22

Até ao meu regresso

Hoje não há nada para ninguém!
Que queriam? Dado e arregaçado todos os dias, era? Isto não é o da Joana, meus caros, não é não!...
Ficam a pão e água hoje e no fim-de-semana, por sinal prolongado à conta de uma revolução, ao que dizem, e logo veremos se na terça vos trago ração.
Até ao meu regresso

quinta-feira, abril 21

Tudo o que temos

Há quem diga que o nome é tudo o que temos. Podem as tempestades e os infortúnios levar-nos tudo, pode a vida dar as voltas que der que nunca hão-de tirar-nos o nosso nome. Ele é, no fundo, a única coisa que nos acompanha durante a nossa fugaz passagem por este mundo. Desde que nascemos, temos um nome. Por vezes, até já o temos mesmo antes de deixar o ventre materno. O nosso nome é tudo o que temos. Eu concordo. Também costumo dizer que podemos perder tudo, mas nunca perdemos o nosso nome, que é o que nos resta quando mais nada parece existir. Mas agora acredito que há algo mais além do nosso nome, que nos identifica quase com o mesmo rigor. Não consta do BI, ninguém nos chama por ele, mas existe. É o nosso sorriso. Também diz muito de nós, também nos acompanha quando mais nada parece restar à nossa volta. É bom sorrir e ver sorrir. E como pode ser belo um sorriso, mais ou menos rasgado, menos ou mais cúmplice... é um sorriso. Que nos é oferecido sem termos de dar nada em troca, a não ser um outro sorriso.

quarta-feira, abril 20

Ditos animalescos

Não me ocorre mais nenhuma adivinha (ainda por cima, houve um anónimo que acertou logo na resposta… que era a escuridão), mas lembrei-me de vos avivar a memória com expressões que metem bicharada. Não são charadas, antes ditos que o povo se encarregou de tornar úteis, quanto mais não seja porque fica bem dizer umas coisas cujo sentido nem sempre compreendemos!
Pois bem, a lista que se segue é também um desafio a v. exas.: podem acrescentar frases, podem até inventar! Têm é de incluir animais.

- Cada macaco no seu galho (por uma questão de boa educação, abstenho-me de referir a outra, aquela que metia a mãe do macaco ao barulho!)
- Quem não tem cão, caça com gato
- Gato escaldado de água fria tem medo
- Gato escondido com o rabo de fora
- Quem tem medo compra um cão (não vejo para quê, mas está bem)
- Grão a grão enche a galinha o papo (na versão adaptada: grão a grão morre a galinha de congestão)
- Rebéubéu pardais ao ninho
- Dar com os burros na água
- Ele a dar-lhe e a burra a fugir
- Os cães ladram e a caravana passa
- Comer gato por lebre (nem uma coisa, nem outra)

E que mais? Vá, agora façam o resto. Prometo fazer actualizações assim que o volume de sugestões o exija!

domingo, abril 17

Adivinha

Qual é a coisa qual é ela, que quanto maior é menos se vê?

sábado, abril 16

A Mãe

Só a ideia é assustadora, terrivelmente assustadora.
E não consigo imaginar que dor será essa, a de perder a mãe. Penso nisso muitas vezes, morro de medo só por fazê-lo. Por muito que digam que um dia tem de ser, faço de conta que esse dia nunca fará parte do meu calendário, que a minha mãe é invencível e há-de viver para sempre, porque vou precisar sempre que ela tome conta de mim.
Há tempos, um pequeno susto atirou-a para o hospital e ela ficou internada. Foi estranho, uma coisa que não se consegue explicar... a mãe não dormir em casa porque está doente. Ver o pai perdido, mais perdido do que uma criança perdida. De repente, vi-me a tomar conta dos dois: dela, porque fui comprar umas coisas para lhe levar para o hospital; dele, porque não foi capaz de fazer a malinha com o robe, a roupa interior, os chinelinhos. Estava perdido, o pai.
Felizmente, foi só um susto. Mas deu que pensar, deu que temer, deu para concluir que, se calhar, no meu pretensiosamente ocupado dia-a-dia, devia dedicar-lhes um pouco mais de atenção. À mãe e ao pai. Um dia, será tarde.

sexta-feira, abril 15

O dia da Rita


Ela aí vem!
Cheia de vontade de roer tralhas (leia-se: tudo aquilo que o dono considera indispensável) e de responder aos apelos da natureza em todos os cantos da casa e mais algum. Prontinha para saltar para a cama e rebolar-se no meio dos sonos humanos, para chorar de saudades dos manos, para fugir do patrão mal acabe de fazer uma asneirita simples e sem maldade nenhuma…
Rita, com toda a sua pujança, chega hoje a casa. Vai ter muitos mimos, de certeza, que aquele olhar de sonsa serve para isso mesmo: para granjear festas e falinhas mansas mesmo que tenha feito a maior das barbaridades. Pois, são sempre assim, fazem-se de inocentes e conquistam os nossos corações de manteiga, raios os partam…

quarta-feira, abril 13

Quem

Citando Sophia,

quem me roubou...
Quem me roubou o tempo que era um
Quem me roubou o tempo que era meu
O tempo todo inteiro que sorria
Onde o meu Eu foi mais limpo
e verdadeiro
E onde por si mesmo
o poema se escrevia

Saco de batatas

Por estes dias recebi um mail que dá que pensar. Não é uma daquelas tretas que garantem a felicidade chave na mão se fizermos quinhentos e trinta e dois mil reenvios, é apenas uma daquelas máximas contadas em jeito de história de embalar e que soa a coisa vinda do Brasil, a julgar pelo “sotaque” da escrita.
Essa historieta resume-se mais ou menos assim: numa aula, o professor pede às crianças que levem um saco de batatas e que as coloquem em cima da mesa. Depois, diz-lhes para colocar no saco uma batata por cada pessoa que lhes fez mal. As crianças fazem as suas contas de cabeça e começam a colocar, uma a uma, as batatas nefandas no saco.
No fim, havia muitos sacos quase cheios de batatas. Cada criança tinha de carregar com o seu saco todos os dias, pesasse muito ou pesasse pouco. E não podiam perdê-lo, não podiam esquecer-se dele em lado nenhum. Era o cabo dos trabalhos carregar com aquele fardo.
Moral da história: quantos de nós não carregamos, todos os dias, essas batatas em forma de preocupações ou más recordações? Quanto mais importância dermos a quem não merece, a quem nos magoa, mais pesado é o nosso saco…
E foi assim que resolvi deitar fora as batatas que andavam a apodrecer na minha cabeça!

terça-feira, abril 12

Queria saber...

Já me perguntei isto vezes sem conta e nunca consegui uma resposta: como é possível sentir falta de alguém que não se conhece? Alguém que nunca vimos, que nunca cheirámos, cujos olhos nunca fitámos. Alguém que apenas sabemos que existe e está algures, longe. Alguém com quem falámos por telefone uma meia dúzia de vezes, o bastante para que o nosso pensamento bata a essa mesma porta todos os dias… ou quase! Alguém a quem estamos ligados apenas por uma máquina.
Não, não entendo.
Queria saber por que raio penso numa pessoa que não me quer ver.
Que não me telefona.
Que não me acorda nem me diz boa noite.
Queria saber por que raio já tinha arrumado essa pessoa numa prateleira bem inacessível e, afinal, basta-me ver uma sigla sobre rodas para voltar ao mesmo.
Queria saber.
Queria saber.
Queria saber.

As pessoas que cheiram a pessoa

Há os que cheiram a perfume, há os que tresandam a perfume (normalmente são elas).
Há os que não têm cheiro e há também os que cheiram mal: ou é dos sovacos, ou é do hálito, ou é do cabelo, ou é da roupa… Dentro destes, uns cheiram a fritos, outros a mofo, outros, ainda, a bolas de naftalina. Nem me atrevo a falar dos pés, pois aí teríamos de contar com outra variante, que é o cheiro sem o sapato.
Mas o que mais me indigna é que há um cheiro que não vem nem do perfume (que também os há maus e são muitos mais do que o desejável), nem da axila por lavar, nem resultam do que se comeu ao almoço ou de um dente cariado. Não, há um cheiro muito específico que, simplesmente, existe nas pessoas. Se lhes tirarmos o perfume e a falta de higiene básica, há muito boa gente que cheira a pessoa! É isso, há pessoas que cheiram a pessoa. A coisa está-lhes na pele, impregnada que nem uma lapa, incomodativa como a sarna.
Nunca se aperceberam do cheiro a pessoa? Liguem os vossos narizes e escutem o que dizem os corpos das pessoas que cheiram a pessoa. É horrível, sobretudo, porque há muito boa gente a cheirar ao mesmo. E até são pessoas limpas. Olhamos para elas e têm bom aspecto, andam arranjadas, de cabelo bem penteado e sem caspa, dentes reluzentes e tudo, só que… cheiram a pessoa. Ughh

sexta-feira, abril 8

Tu, que és cão


Tu és um saco de pulgas.
Tu nunca tiveste um minuto de trabalho.
Tu lambes a cara de desconhecidos
com a única intenção de me envergonhar.

Por vezes, tresandas como uma manta
velha, mal cheirosa e húmida.

Não és apenas daltónico,
tu nem sequer sabes distinguir
uma carpete de um sofá.

Tu finges que achas a palavra
“não” incompreensível.
Tu insistes em partilhar o teu desafinado
latido com a vizinhança inteira.

Por alguma razão, tens medo de estátuas.
As estátuas põem-te louco.

Tu não tens vergonha nenhuma.

Tu és a coisa mais preguiçosa, suja
teimosa e presunçosa que conheci
em toda a minha vida.

Mas eu acho que és perfeito.



Nota: isto é plágio

quarta-feira, abril 6

Há coisas assim

Há uma parte de mim que morreu e deu lugar a um vazio. Tão grande que não cabe lá nada, tão profundo que não consigo ver onde acaba. Não é a primeira vez que acontece. Não é a primeira vez que morro com esse pedaço de mim que vai embora.
A vida nunca mais é a mesma.

domingo, abril 3

A magia de rasgar o papel

Enquanto crianças, estamos sempre à espera de duas coisas: do Natal e do nosso aniversário. Está bom de ver que é por causa das prendas… Queremos lá saber que o menino jesus tenha nascido para salvar o mundo! Queremos é prendas. Importamo-nos lá por levarmos mais um ano no lombo! Queremos é prendas. Nessas alturas, a idade não pesa, a consciência não pesa, nada pesa porque somos inocentes e não temos maldade. O que queremos, mesmo, é prendas.
O problema é quando crescemos. Além de termos perdido toda a inocência e de termos ganho consciência - o primeiro passo para que ela possa vir a pesar-nos -, os presentes nunca têm o sabor da infância. Ou já imaginamos o que vai sair daquele pacote mal amanhado, ou sai uma coisa completamente estapafúrdia, que nada tem a ver connosco. Como se isso não bastasse, perde-se toda aquela magia que é rasgar o papel do embrulho… e mandá-lo para o chão.
Com o passar dos anos perde-se muita coisa. Até a vontade de dar um presente.

A vida é um beijo doce em boca amarga, Mia Couto

sexta-feira, abril 1

Cumplicidades


Há três anos, os nossos olhos cruzaram-se pela primeira vez. O teu verde-matreiro fixou-se no meu castanho-escuro, e as vidas de ambos ficaram pendentes durante uns tempos. Porque eu tinha anéis…
Há dois anos, os nossos olhares começaram a pedir algo mais, e as vidas de ambos passaram a ter segredos.
Há um ano, os segredos estavam mais poderosos do que nunca.
Há dias, o teu verde-matreiro dormiu com o meu castanho-escuro. Gosto do sabor da nossa cumplicidade.

Fosse eu


Apenas ouço o vento a cantar
Qual tenor junto ao meu ouvido
Preferia que fosses tu
A segredar-me um beijo
Preferia ser uma nuvem
Tocada por esse vento
Que me levaria até ti
Fosse eu uma gota de chuva
Para sossegar o teu tormento
Fosse eu
Fosses tu



O que acabaram de ler saiu-me da cabeça para o papel em menos de um credo, ontem à noite. Para o que me havia de dar!!! Eu bem vos disse que o melhor era cotribuírem para a história do menino jesus... como não o fazem, levam com coisas destas. Enfim